segunda-feira, 28 de julho de 2008

O mundo pode parar

Hoje, no comboio fiquei deslumbrado com a emoção de uma criança na sua primeira viagem de comboio.
Devia ter cerca de cinco anos.
Francisco.
"Tão rápido, mais rápido que a televisão!"
E as imagens sucediam-se iluminando o seu rosto.
Os seus caracóis moviam-se em antecipação ao seu rodar entre o pai que o ignorava e o vidro que o duplicava, triplicava, multiplicava-o até a viagem não ter mais destino.
O pai por certo preferia a velocidade das imagens televisivas.
Isso diminuia-o.
Não compreendia o espanto daquele que ainda estava perto.
Lembrou-se do que disse o professor Júlio quando era pouco mais velho que o seu Francisco:
"A matemática é o degrau que permite ao homem espreitar o infinito".
Mas aos poucos os números que o rodeavam deixaram de transportar a magia de outrora.
"Agora, tudo tem um preço, independente do seu valor"
"Papá, papá!"
Tinham acabado de entrar no túnel.
Olhou no fundo dos seus olhos.
1+1=1
Reconheceu novamente a inocência dos números.

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